A poesia é meu território, e a cada dia planto e colho grãos em seus campos. Com a poesia, eu fundo e confundo a realidade. (Linoliogravura do fundo: Beto Nascimento)
6 de julho de 2006
Por ocasião do Festival de Poesia de Goyaz, a Tribuna do Planalto, jornal editado com sucesso em Goiás pelo escritor Vassil Oliveira, nos entrevistou sobre a poesia atual e sobre o prêmio que recebemos com o livro Ruínas ao sol, que acaba de sair pela editora 7Letras.
A entrevista pode ser conferida aqui: ‘A poesia sempre vive de glórias do passado’
Aqui o final da entrevista:
Quais suas influências? Você acredita em escritor ingênuo, sem leitura, ou a prática da poesia requer uma preparação cultural para ela?
Resposta: Não há literatura sem formação formal e sem reflexos da herança cultural do indivíduo que se propõe a ser poeta. A poesia de um determinado poeta é o somatório da encruzilhada de suas experiências com a sociedade, com a família, com a região de seu país, com as tradições, conceitos e preconceitos de seu grupo, somado aí o contato com a tradição da poesia. Se fosse desnecessária essa encruzilhada para o surgimento de uma nova dicção poética, todos se proporiam a ser Homero, Shakespeare – e todos chegariam a ser clássicos antes de passar pela modernidade de seu tempo. Sem contar a anima poética, que é a grande desgraça do poeta, pois ele nunca terá certeza se vive com ela. As minhas influências remontam ao tempo em que eu andava de calça curta pelas capoeiras da Fazenda Calvo. Já naquele tempo aprendia o nome das árvores, a variação das cores do capim no escorrer das estações do ano, a reconhecer os animais pelo seu canto dentro da noite. E tive o privilégio de, na juventude, encontrar em Silvânia, os modernos Cassiano Ricardo, Mário de Andrade, Manuel Bandeira, numa biblioteca pública. E, agora, quase na velhice, reaprendo com os românticos ingleses, com Jorge de Lima, de "Invenção de Orfeu", com Rilke e Montale. A poesia exige uma aprendizagem constante, contato com universos paralelos... Quem desconhecer as novas vertentes da poesia neobarroca – cite-se Cozer, Victor Sosa, entre tantos – vai acabar enveredando por uma poesia envelhecida. E, se não envelhecida, enganosa.
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O que me encanta em você, Salomão, é a renovação constante...Gosto do que você escreve, poeta, até entrevista. Beijos, Ana
ResponderExcluirsalomao,o que seria educaçao formal?
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