Ainda noutro dia, a Ana Paula Condessa me perguntava sobre a disponibilidade, no Brasil, de obras do poeta Rumi. Eu lhe dizia que há três livros em catálogo deste poeta do sufismo. Motivado por este diálogo, fui atrás de outro exemplar destes títulos, pois, eu tinha só um, de onde tirei um verso para a epígrafe do meu livro Ruínas ao sol.
Encontrei Poemas Místicos, numa bela edição da Attar, preparada por José Jorge de Carvalho. E até encontrei uma nota sobre este livro na página da amiga Ana Ramiro (Folha de Girapemba). Aninha, estou sabendo que o seu livro está correndo o mundo, e ele ainda não passou por minha porta!!!!!!!
Mas o assunto é Rumi. Realmente, sua obra é outra Bíblia pelo esplendor das imagens. Veja este poema, onde fica demonstrada a máquina do mundo, que, sem este ato de irmos sendo moídos, não existe a vida. Nós, pobres poetas modernos, parados diante do nada, não temos mais como colocar o pé dedicado a Deus.
[A água e o pão]
Rumi
Tradução de José Jorge de Carvalho
O coração é como um grão de trigo
e nós somos a mó.
Como pode o moinho saber por que gira?
O corpo é como a pedra,
e nossos pensamentos,
a água que a faz girar.
Diz a pedra: "A água sabe o que nos espera adiante".
A água diz:"Pergunta ao moleiro,
é ele quem me controla".
E o moleiro te responde:"Ó comedor de pão,
se o moinho não gira
como pode a farinha existir?"
Tudo o que é feito envolve todas as coisas.
Silêncio!
O melhor é perguntar a Deus,
somente Ele te pode responder.
E me remeto à minha infância, quando ia à fazenda do Zequinha do Cândido! Visitava o moinho só para admirar aquela enorme pedra (mó) movendo sobre os grãos. Só assim podia compreender a existência dos amidos de arroz e de milho que minha mãe usava na cozinha!! Como pode existir o passado, essa angústia, esse fervilhar do mundo, se o moinho não gira? Rasga, coração!!!
acertou no olho da mosca o grão da mostarda. e pedra de moer tambem não tem musgo né? onde andará nossa musa?
ResponderExcluire o deus mudança?
vou amassando no casco de garrafas vazias as ervas para a aspiração...e a pira?