6 de abril de 2007

É alta noite.
Dei para acordar nestas horas frias,
de olhar seco e sem bulício nas madrugadas
tragadas pelo outono.
Escrevo um pequeno texto para o orkut da Whanne,
que poderei depois transformar em poesia:

e ela inventa histórias!
pois nada do que vivemos nunca
terá sangue ou dores
E ela inventa!
pois nada do que vivemos
jamais terá janelas
terá um bonde em São Januário
e ela innventa
pois nada do que vivemos
nunca terá realidade!!

Apanho o livro de Borges para ler
um pedaço de seus comentários
sobre "A Divina Comédia",
que quero comentar com a Lídia.
E ele lembra que Stevenson,
aquele que escreveu a Ilha do Tesouro,
que virou filme, desenho, e outro desenho
e outro filme, e peça teatral escolar
e conversa de botequim,
e que nunca li,
e Jorge Borges diz que Stenvenson disse que
— Borges antes diz que leu Croce e que não está de acordo
com ele —, mas que Stevenson diz que "o encanto
é uma das qualidades essenciais que o escritor deve ter.
Sem encanto, tudo o mais é inútil." E gosto
do encanto de Borges, e nem sei se concordo com ele.
Poxa! onde está o encanto?
Num rápido instante com alguém,
numa passagem, numa frase,
num instante no café
com todos com ciúmes,
num instante de ciúme,
de crime, de uma frase de Stevenson,
de frase repetida por Borges,
o encanto na Divina Comédia?
A madrugada é um encanto!!!

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