Como o samba está associado à dança, nunca fui de ficar decorando/chorando letras de músicas ou de estudar toda a história da música brasileira. Mas, a certa altura de minha vida, estimulado por minha mulher, Cartola e Nelson Cavaquinho entraram para as minhas percepções musicais. E, mais tarde, Zé Keti. A poesia destes compositores se apresentou com encanto cheio de diferenciais. Não é só dor de cotovelo, desencanto, ou narrativa de algo do cotidiano. Há algo metafórico, ainda que o reflexo da letra esteja dentro da realidade do compositor.
Agora o documentário Cartola serviu para reviver momentos importantíssimos da música brasileira associados a estes compositores. Descobri que, mesmo não estudando a música brasileira de uma forma mais sistemática, ela está encravada no meu sangue. Parece que eu sabia aquilo tudo de cor. Que aquilo tudo sempre estava ao meu lado!
Está muito bonita a reconstituição da história em que Cartola viveu, com suas andanças pelo Catete, pelas parcerias e mesmo pela criação da estação primeira da Mangueira.
As aparições de Nara Leão (O sol nascerá) e de Elizeth Cardoso — minhas paixões, junto com Zezé Mota, que não está ligada à história de Cartola — deixaram-me de cabelo em pé.
O filme Cartola vem comprovar que o documentário brasileiro cresceu muito, e que o filão de perfis musicais acabou gerando boas obras. Desde o comovente Nelson Freire, o cativante Paulinho da Viola e o óbvio Vinicius (o de Vinicius seria bom mesmo se o filme fosse uma única cena dele dormindo), que esta revisão do cenário musical brasileiro, pelo cinema, incentiva a forma de se apaixonar pelos nossos valores. Por exemplo, ver Nelson Freire é descobrir heróis que passam quase despercebidos por nossa história. Só os iniciados sabiam de sua presença no exterior.
Nossos valores existem, precisam, isto sim, de afirmação. É salutar que o cinema traga esta contribuição — apesar de apenas os iniciados ainda buscar o cinema para este tipo de produção. Os produtores, para que o documentário não fique no âmbito apenas da elite, precisam introduzir paralelamente outras formas de socialização do conteúdo cultural de seus projetos.
Essa questão da elitização da cultura me preocupa muito. Há muito investimento em cultura, com incentivo fiscal, mas um investimento que acaba não disseminando a cultura. Acabam construindo centros culturais fora do eixo da população, as exibições acabam em salas freqüentadas apenas pela elite. Temos de colocar um pouco de fogueira nesta questão, senão o filme nacional continuará pouco visto e a leitura não passará nunca de 1,8 livro por ano na renda per capta da leitura nacional. Não podemos esperar muito do desenvolvimento cultural com este quadro e esta política de investimento.
Beijos, Cartola, onde estiveres com tuas flores e teu sol.
Autonomia
Composição: Cartola
Agora o documentário Cartola serviu para reviver momentos importantíssimos da música brasileira associados a estes compositores. Descobri que, mesmo não estudando a música brasileira de uma forma mais sistemática, ela está encravada no meu sangue. Parece que eu sabia aquilo tudo de cor. Que aquilo tudo sempre estava ao meu lado!
Está muito bonita a reconstituição da história em que Cartola viveu, com suas andanças pelo Catete, pelas parcerias e mesmo pela criação da estação primeira da Mangueira.
As aparições de Nara Leão (O sol nascerá) e de Elizeth Cardoso — minhas paixões, junto com Zezé Mota, que não está ligada à história de Cartola — deixaram-me de cabelo em pé.
O filme Cartola vem comprovar que o documentário brasileiro cresceu muito, e que o filão de perfis musicais acabou gerando boas obras. Desde o comovente Nelson Freire, o cativante Paulinho da Viola e o óbvio Vinicius (o de Vinicius seria bom mesmo se o filme fosse uma única cena dele dormindo), que esta revisão do cenário musical brasileiro, pelo cinema, incentiva a forma de se apaixonar pelos nossos valores. Por exemplo, ver Nelson Freire é descobrir heróis que passam quase despercebidos por nossa história. Só os iniciados sabiam de sua presença no exterior.
Nossos valores existem, precisam, isto sim, de afirmação. É salutar que o cinema traga esta contribuição — apesar de apenas os iniciados ainda buscar o cinema para este tipo de produção. Os produtores, para que o documentário não fique no âmbito apenas da elite, precisam introduzir paralelamente outras formas de socialização do conteúdo cultural de seus projetos.
Essa questão da elitização da cultura me preocupa muito. Há muito investimento em cultura, com incentivo fiscal, mas um investimento que acaba não disseminando a cultura. Acabam construindo centros culturais fora do eixo da população, as exibições acabam em salas freqüentadas apenas pela elite. Temos de colocar um pouco de fogueira nesta questão, senão o filme nacional continuará pouco visto e a leitura não passará nunca de 1,8 livro por ano na renda per capta da leitura nacional. Não podemos esperar muito do desenvolvimento cultural com este quadro e esta política de investimento.
Beijos, Cartola, onde estiveres com tuas flores e teu sol.
Autonomia
Composição: Cartola
É impossível nesta primavera, eu sei
Imossível, pois longe estarei
as pensando em nosso amor, amor sincero
Ai! se eu tivesse autonomia
Se eu pudesse gritaria
Não vou, não quero
Escravizaram assim um pobre coração
É necessário a nova abolição
Pra trazer de volta a minha liberdade
Se eu pudesse gritaria, amor
Se eu pudesse brigaria, amor
Não vou, não quero.
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ResponderExcluirlei do vente livre sento ao lado do monsueto e saio de galaxi com oculos escuros cruzo com geraldo pereira e madame satã ismael espia na esquina nelson vende uma letra e paga a conta o moreira arruma uma briga deixo sangrar noel é tarzã o filho do alfaiate mas bom mesmo é bater uma pelada com o chico de atenas aos dois irmãos a melodia caco de telha caco de vidro raízes do brazil:COBRA DE VIDRO.
ResponderExcluirah... essas cordas de aço!
ResponderExcluirEsse minusculo braço!