12-10-06. Terminei a leitura de Kyoto, e , ato seguido, de Mil Tsuros. Só para contrariar o meu ponto de vista anterior, em Mil Tsuros há algumas sutis mortes, inclusive algumas mortes subentendidas. Quem for ler Mil Tsuros é bom saber que "tsuros" são pássaros feitos em origami. E diz a lenda japonesa que, se forem feitos mil tsuros, em origami, a pessoa será feliz. E, na confecção de mil tsuros, em grupo, é obtida a harmonia. O livro se desenrola como o próprio ato de fazer os mil tsuros, pois as decisões vão sendo adiadas, mas até no adiamento a felicidade é alcançada. Sutilezas e mais sutilezas, como dissemos anteriomente. Moral: cada ato de nossa vida é um tsuro que acabamos de montar. E devemos estar preparados para que ele seja concluído com perfeição.
Mas é bom lembrar que, quem for começar a leitura de Kawabata, deve tomar primeiro A casa das belas adormecidas, que motivou Gabriel Garcia Marquez escrever Memórias de Minha Putas Tristes, seu último livro.
Mas é bom lembrar que, quem for começar a leitura de Kawabata, deve tomar primeiro A casa das belas adormecidas, que motivou Gabriel Garcia Marquez escrever Memórias de Minha Putas Tristes, seu último livro.
E já estou em outro autor. Há muito tinha assistido o filme com Marcelo Mastronni sobre a novela Afirma Pereira, de Antonio Tabucchi, mas fiquei adiando a leitura do livro. Agora, depois de ler o livro As Verdades das Mentiras, de resenhas de Mario Vargas Llosa, não pude me conter de tomar este pequeno livro. A sua paixão por este livro me contagiou. Trata-se de uma pequena obra prima - diga-se de passagem. Li apenas 5, 5 capítulos iniciais, o suficiente para me emocionar em muitas frases. O bom livro sempre tem um grande início. Quando lemos o início de Tabucchi, não dá vontade de conhecer o resto, o próximo personagem? E a poesia da segunda frase? E, lá pelo quinto capítulo, quando entra a mocinha, e Pereira dança com ela? Que vontade dá de dançar com ela!!! Vamos às duas frases inciais:
"Afirma Pereira tê-lo conhecido num dia de verão. Um esplêndido dia de verão, cheio de sol e ventilado, e Lisboa reluzia."
E, brincando com minha sobrinha, a quem um garoto queria presentear com um anel, eu sugeria a ela narrar a sua aventura, pensando justamente em Tabucchi: "Terminara setembro. Pensando na fertilidade das chuvas, o garoto comprou o anel." Quem sabe a sobrinha, num futuro, narre as suas memórias, pensando nestas sutilezas romanescas.
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