Estive com convivas nas esquinas
Gafanhotos agarrados às folhas de milho
e homens disputavam decisões do destino
Estive nas estradas de Muquém
aquém de mim viviam os milagres
De Anicuns trago novos bordados
serragem, serradões trago das trilhas
e nas roupas desmanchadas gotas de orvalho
Aprendi novas fisgadas em Aruanã
Trago o brilho das fiadas de peixes
Outros trajetos de nuvens
jeitos de ver a nudez, luzir as louças
Outras descidas aos poços das barras
As caixetas feitas com zelo
pus no bornal em Santa Luzia
Vamos fazer greves nas esquinas
Vamos às barras colher embiras
Sangrei em todas as trilheiras
Volto de Anicuns, de Palmira
das cheias altas, das estivas
De Floripa vêm ripas de gelo
De Palmelo, a loucura nos cabelos
Com desertos da morte eu estive
larvas brancas, esconderijos de sal
A poesia é meu território, e a cada dia planto e colho grãos em seus campos. Com a poesia, eu fundo e confundo a realidade. (Linoliogravura do fundo: Beto Nascimento)
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o que é mais dificil para um poeta? Decidir finalizar uma poesia? ou se controlar para não se ver envolvido na reformulação dela?
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