14 de junho de 2006

Poema inédito [Salomão Sousa]

Poema que passou pelos seios de várias mulheres, a começar pelos seios da Jandira de Murilo Mendes):

Alguém sem pressa, com seios lerdos

assim sem repartir o leite ao fim do dia
assim chato de lembrar na hora decisiva
de abrir latas, comer as partes frias
Na decisão inconteste, ah! escorregar
cair onde ficar em definitivo
sem ter de mover uma palha
ou chamar por Dayla ou plantar adelfas
esfregar linóleos, ai, óleo nos lábios
nos decotes invisíveis, implausíveis
Ai! se vier a tromba d’água, ouvir as calhas
o orvalho silencioso nas dálias
Entre trempes, talhos encalhar
sem alguém para esquentar
as partes altas, as partes frias
Quantos anos tem o dia?

Quantos decotes a noite? quantas folhas?
Ah! os brotos vagarosos, os seios lerdos,
as cerdas, as cordas espichadas moles

As longas folgas na lentidão dos eixos
os colos sem ciências, sem superfície

e logo o amanhã se pronunciará
com a madeira podre, as fornalhas frias

4 comentários:

  1. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

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  2. Salomão, rendeu-se ao blog, então... Que bom! Agora, virei visitá-lo mais vezes e colocarei um link no Girapemba. E apareça também, vez por outra. Bjs.
    http://girapemba.blogspot.com/

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  3. Olá...
    Meio triste por conta da Katrin...
    Vim fazer uma visita rápida, depois mostrarei ao meu pai, se é q ele ainda não viu...
    Até

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  4. Salomão,
    muito bom conhecer este teu cantinho, que tá excelente. parbéns, vou voltar outras vezes
    grande abraço

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Salomão Sousa sente-se honrado com a visita e o comentário

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