Não basta uma safra, senão há a esterilidade. A poesia é meu território, e a cada dia colho grãos em seus campos. (Linoliogravura do fundo: Beto Nascimento
13 de junho de 2006
Poema [Salomão Sousa]
Algo ressoa na cidade, nos frutos
algo desfruta dentro de nós
somos os sinais em outros
Não vamos saber quando somos
a solidão em alguma lembrança
Sabemos só do algoz dentro de nós
Não saberemos do pó dentro do túmulo
do acúmulo de sementes após o fruto
Algo soa ressoa sina dentro de nós
Cascas secas ascos cascos. Crimes
A crina em algum dorso
Algum musgo de antigo gozo
Ainda que emudeça a voz
esqueça a semente que pede a cova. Ressoa
O que anda pela cidade, nos apelos
bordoadas atordoam
bordões de crimes, bordões de lobos
As tábuas de manhã. As tábuas doam
Ressoa algum bruto em nós.
Algo vem andando pela cidade. Um fruto
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