Se te enclausuras no teu quarto
deixas o vazio num café.
Se te encontras entre as tendas
não te sigo quando vou pela ravina.
Se te segredas na luz de um cinema,
não te vejo na água movente de um lago.
Se com um acompanhante ris ao virar a esquina,
não apalpamos o fruto em um pomar.
Enquanto orientas o motorneiro,
um touro roça o ventre enquanto é sol.
Enquanto é claridade em teu dorso
um estrangeiro aguarda num entreposto.
Ensinas o vazio numa fronteira.
No diálogo mudo que se retrai num cárcere.
A umidade vai no crescente império
enquanto fascinas numa outra praça.
Perdido consolo, desconsolado refrigério
de não plantarmos a semente na mesma cova!
Não basta uma safra, senão há a esterilidade. A poesia é meu território, e a cada dia colho grãos em seus campos. (Linoliogravura do fundo: Beto Nascimento
5 de janeiro de 2014
Assinar:
Postar comentários (Atom)
RETRATO, poema de Antonio Machado
Traduzi para meu consumo o poema "Retrato", do espanhol Antonio Machado. Trata-se de um dos poetas de minha predileção, assim como...
-
A um olmo seco Antonio Machado A um olmo velho, fendido pelo raio, e pela metade apodrecido, com as chuvas de abril e o sol de maio, saíram...
-
O processo de editoração é dinâmico, também. Os livros de poesia devem se aproximar da visualidade das páginas da internet. Papel que reflit...
-
Se eu e Ronaldo Costa Fernandes soubéssemos que não mais teríamos oportunidade de voltar a encontrá-lo, não ficaríamos ali estáticos na Livr...
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Salomão Sousa sente-se honrado com a visita e o comentário