26 de janeiro de 2014

Poema da ausência


Na hora da decisão são avaliadas
as fortes ausências com
cordames de rancor, com
arames de arestas de doenças,
quem sabe abolido álbum
de fotografia dos inimigos,
da cabine de onde se aventura,
se desgasta o câmbio
e a memória dos figos
abandonados à urticária do mofo.

Estiveram quando foi o exílio,
o cortiço a recolher os antepassados,
em puídas vestes, losna
a revestir os lábios
e as palavras da impossível
parte descoberta, 
parte rascunhada por arestas.

A ausência do crestado pão 
num cesto abandonado pela orfandade
Transitem os descendentes
numa nave ancestral,
carregados dos ovos do nojo,
das podres arestas.

Venham as saudações
nos gritos dos pássaros,
no cedido alento das velas,
dos adornos das companhias.
Avancem os passos,
a proclamada decisão de ausentar
deixando o pão pronto
para ser retirado do forno
As ausências avançam avaliadas
diante de senhores das mortes seculares

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